
De acordo com as reflexões de Adorno e Horkheimer (1985 [1947]) sobre a “indústria cultural” e de Guy Debord (1967; 1987) sobre a “sociedade do espetáculo”, o cinema divulga e legitima os valores e a moral que a sociedade neoliberal quer ver perpetuados. Mas, como bem afirmou Walter Benjamin (1994 [1935-1936]), ele também ilumina muitos aspectos das contradições sociais, mesmo legitimando a ideologia dominante. Considerando esse duplo aspecto do cinema e transpondo essas reflexões para as novelas, o objetivo do presente artigo é refletir de que maneira Avenida Brasil (João Emanuel Carneiro, TV Globo, 2012) representou elementos da cultura popular suburbana, de uma classe social mais enriquecida e da miserabilidade, a partir da imagem do lixão. Por fim, será feita uma discussão sobre as possibilidades e formas de apropriação da novela com os devidos cuidados para o ensino das ciências humanas, sociais, e sobretudo da História, com o intuito de promover o desenvolvimento de uma postura crítica dessas imagens espetaculares.